Mas o livro, ainda um objeto irresistível (para quem nele se vicia) e que pede – se poesia – uma disciplina do difícil, com algum tipo de mútua imantação entre suas partes, poemas.
Como o fio da poesia, que acaso se enleia entre um e outro livro, compondo a estranha entidade, irritada de se remirar, que bom se mais tesa que pretensiosa: a obra.
Seja como for a poesia, se não a reitera, é ainda o melhor antídoto contra a banalidade, que grassa e se espalha (tanto ontem como hoje?) em espessas, leves malhas.
Uma questão de vida e morte: a poesia em questão.
Diz, quinto livro de poemas de Francisco Kaq, pela editora Casa das Musas (DF). Como em Aresta (1990) e eu versus (1999), a vertente onde predomina o verso curto e o quase-verso, informada – entre outros tantos – por certos procedimentos implantados (e feitos comuns?) pela poesia concreta.
Vertente diferente das “invenções”, textos difíceis de classificar, supostamente únicos em sua espécie, como o Hagoromo (a outra metade de Aresta) ou o Poesia Aporia (2002). Diferente dos poemas visuais de 1001 (1997).
Seria a aposta inserir o dialogismo no (quase-)verso pós-concreto? As máscaras (personae) abrindo espaço para diversas vozes, modos de ver? Também na auto-ironia ou auto-humor (nem sempre tão nítidos a ponto de excitar sorrisos)?
As três partes:
Sonda-se eros, o mais íntimo, total, exasperante (des)encontro com @ outr@. Rasgam-se sedas a/de Eva.
Homenageia-se o samba, talvez a outra poesia, que se faz comum, communitas – embora o poeta sambista também destoe, malandro ensimesmando-se, numa linha de tensão com o povo que ele canta (e para quem).
Indaga-se, enfim, a poesia. Pois a poesia é sempre uma pergunta afirmativa – não porque exija uma tal resposta – mas uma pergunta que já é, em seu indagar(-se), um sim.
Lançamento de Diz, 5º livro de poemas de Francisco Kaq, pela Editora Casa das Musas:
13/nov/2007 (terça), 19 h.
Vocalizações: 21 h.
(Com Heliorun na percussão)
Café Com Letras (203 Sul)