Lançamento do livro de Amael Notini será na biblioteca do Senado Federal

No dia 13 de Agosto, às 18h30, a biblioteca do Senado Federal será palco do lançamento do livro “The Human Rights to Water and Sanitation in Latin America: perspectives from the case law of the Inter-American Court of Human Rights”, de autoria do Consultor Legislativo Amael Notini Moreira Bahia.

A obra apresenta um panorama geral dos direitos à água e ao saneamento no âmbito internacional e discute as soluções de reconhecimento e implementação desses direitos no contexto específico da América Latina e do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

Os leitores encontrarão não apenas um exame acadêmico dos princípios jurídicos, mas também um apelo à ação para defender e proteger este recurso inestimável para as gerações futuras.

Adquira o seu exemplar no site da editora Dialética: https://loja.editoradialetica.com/humanidades/the-human-rights-to-water-and-sanitation-in-latin-america-perspectives-from-the-case-law-of-the-inter-american-court-of-human-rights

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Austeridade, uma ideia perigosa

Por Petronio Portella Filho*

“Sou a favor de que todos apertem os cintos, desde que todos usem as mesmas calças.” Mark Blyth

Economistas do mercado financeiro projetam, para o Brasil, um déficit primário de 0,7% do PIB em 2024 (último relatório Focus). Segundo a maioria deles, isso seria algo imoral, uma demonstração de “descontrole fiscal”. Curiosamente, na última edição do Monitor Fiscal (abril/2024), o FMI projetou, para os 188 países que ele monitora, um déficit primário médio de 4,9% do PIB em 2024. E o tom da referida publicação não é alarmista. Ou seja, aqui no Brasil, exige-se mais austeridade fiscal do que no exterior. Tentam impor ao governo Lula uma agenda de austeridade que o impediria de cumprir o programa eleitoral com que ganhou a eleição.

Tal campanha torna urgente a leitura de “Austeridade, a História de uma Ideia Perigosa”, de Mark Blyth. Trata-se do melhor e mais completo livro que já foi escrito sobre a doutrina da austeridade econômica. Com esse livro, Blyth se tornou o crítico mais respeitado das políticas de austeridade. Uma excelente tradução do livro foi publicada no Brasil pela editora Autonomia Literária. O livro é excelente fonte bibliográfica, além de uma leitura agradável.

Vou iniciar a resenha do livro com uma indagação. Como pode alguém em sã consciência ser contra a austeridade? Segundo os dicionários, todas as acepções do vocábulo austeridade são positivas. Austeridade significa autocontrole, comedimento, frugalidade, despojamento e sobriedade. Não é por acaso que todos os defensores das políticas de austeridade a defendam com base em princípios morais.

A questão é complexa. Começa que a “austeridade” inventada pelos economistas tem pouco a ver com as virtudes listados pelos dicionários. Segundo os doutrinadores, a austeridade é necessária porque os governos – todos eles diagnosticados como inchados – precisam cortar despesas fiscais, única maneira de equilibrar as contas públicas. A “farra de gastos” que provocou aumentos no endividamento público deveria dar lugar a uma disciplina fiscal “moralizadora”, onde os governos só gastam o que arrecadam. A austeridade promoveria uma forma de deflação, ou seja, de redução dos preços. A economia se ajustaria via redução dos salários e preços, recuperando sua “competitividade” internacional. Tal política restauraria a confiança dos empresários, que voltariam a investir.

Segundo Blyth, a doutrina é problemática em vários níveis, a começar pelo diagnóstico do problema. O aumento do endividamento público das últimas décadas não foi resultado da expansão de gastos fiscais”, muito menos do crescimento do Estado. Pelo contrário. O recente aumento do endividamento público, um fenômeno internacional, se deu numa época de ampla hegemonia do neoliberalismo. Tudo começou com uma crise bancária propiciada por uma das bandeiras mais caras do neoliberalismo, a desregulação do sistema financeiro.

A crise do subprime (2007-08) foi protagonizada pelo setor financeiro privado dos EUA, que se engajou em atividades especulativas e fraudulentas sem a supervisão das autoridades. Algo similar aconteceu com grandes bancos de vários países. A solução americana foi usar o banco central para comprar ativos financeiros tóxicos do setor privado. Os balanços bancários do sistema financeiro privado foram saneados em troca da deterioração dos balanços do setor público. Nos Estados Unidos, a operação de resgate dos bancos pelo Federal Reserve foi apelidada de “Cash for Trash” (compra de lixo com dinheiro vivo).

Na prática, a dívida bancária foi socializada nos EUA e na maior parte dos países. A austeridade, argumenta Mark Blyth, é a contrapartida da operação de resgate dos bancos. Ela é também a forma como os bancos exigem que a dívida federal que eles transferiram para o Estado seja paga pelos contribuintes. Nas palavras de Blyth: “Austeridade não é apenas o preço da salvação dos bancos. Ela é o preço que os bancos querem que nós paguemos”.

O autor observa que, antes da crise de 2008, praticamente ninguém nos Estados Unidos ou no exterior estava preocupado com “o aumento descontrolado das dívidas públicas” nem com “o excesso de gastos fiscais”. Quando a crise financeira se instalou, em 2008, a resposta inicial dos governos foi keynesiana. Os gastos fiscais foram expandidos, o que impediu a repetição da Grande Depressão de 1930. Mas, a partir da reunião do G-20 de junho de 2010, o keynesianismo deu lugar a uma estratégia denominada “growth friendly fiscal consolidation”, um eufemismo para a velha austeridade fiscal.

As restrições de Mark Blyth às políticas de austeridade podem ser resumidas em dois argumentos. Em primeiro lugar, os sacrifícios que ela impõe não são dirigidos aos responsáveis pela criação dos ativos tóxicos que originaram a crise. A austeridade sacrifica trabalhadores, classe média e empresários do setor produtivo – mas não toca nos privilégios dos bancos e rentistas.

Em segundo lugar, a austeridade NÃO FUNCIONA − se o significado da palavra “funcionar” for “promover crescimento econômico e reduzir dívidas públicas”. Pelo contrário. Blyth cita dados a perder de vista provando que a austeridade não só provoca estagnação econômica e aumento do desemprego, como também piora a situação dos devedores públicos e privados.

As dívidas de um governo são muito diferentes das dívidas de um indivíduo. A dívida de uma pessoa pode ser paga, inclusive na íntegra, se ela apertar o cinto. As dívidas do governo federal são quase sempre roladas. Tais dívidas só diminuem no longo prazo quando a taxa de crescimento do PIB é maior do que a taxa de juros real que incide sobre a dívida. A austeridade não funciona porque ela diminui a taxa de crescimento do PIB (e da Receita Fiscal), mantendo constante (ou aumentando) a taxa de juros.

As estatísticas são eloquentes. Das políticas de austeridade fiscal resultou não só aumento nas dívidas públicas como também aumento nas taxas de juros que os bancos cobram para financiá-las. Ou seja, os próprios credores privados desconfiam da austeridade. O mesmo pode ser dito das bolsas de valores. Quando os governos anunciam grandes cortes de gastos fiscais, isso quase sempre provoca quedas das bolsas, ao invés do prometido retorno da confiança do setor privado.

No Brasil, logo após o impeachment da Dilma, botaram na Constituição o “teto de gastos”, que na verdade era um esmagador de gastos. O “teto” vigorou durante sete anos. Era tão radical que não chegou a ser cumprido, mas impôs uma agenda de redução do Estado, privatizações e cortes de direitos sociais. Os resultados foram desastrosos tanto para o crescimento quanto para o endividamento público. A Dívida Líquida do Governo Central e BC, durante as gestões petistas, havia diminuído de 37,7% do PIB (dez/2002) para 26,0% do PIB (abril/2016). Mas ela sofreu grande aumento durante as gestões “austeras” de Temer e Bolsonaro, quando saltou de 26,0% (abril/2016) para 47,1% (dez/2022).

Mark Blyth analisa as políticas de austeridade não só na prática, como também na teoria. Ele pesquisou as origens intelectuais e históricas da doutrina, começando com os autores clássicos e indo até a impostura da “austeridade expansiva” dos italianos. O estudo dos italianos, liderados por Alberto Alesina, deu credibilidade à tese esdrúxula de que austeridade fiscal seria uma política antirrecessiva (na contramão de Keynes e da experiência mundial). Tal tese foi aplicada em em vários países, após a crise financeira de 2008. Os resultados não poderiam ser piores: diminuição do crescimento econômico e aumento do desemprego e das dívidas públicas.

O autor mostra que a doutrina da “austeridade expansiva” foi amplamente contestada por vários autores, inclusive por um estudo do Fundo Monetário Internacional. Paul Krugman zomba de tal crença e a compara com um culto à Fada da Confiança. Mas, como observa Blyth, a austeridade é uma doutrina zumbi. Por mais que fracasse, ela se recusa a morrer em definitivo. Volta e meia ela sai da catacumba.

Mark Blythe é muito crítico da União Europeia, que considera uma armadilha monetária e fiscal. A UE, ao tentar impor o modelo austero alemão para o continente europeu, ainda por cima com moeda única, produziu décadas de estagnação e uma gigantesca crise bancária. A diferença entre a crise bancária americana e a europeia é o tamanho do problema. Nos EUA os bancos são grandes demais para falir; na Europa, grandes demais para o governo resgatar.

A solução, segundo Blyth, seria os governos desistirem de salvar grandes bancos inadimplentes. Tais operações de resgate provocam saltos na dívida pública, que servem de pretexto para a “austeridade” perpétua. As elites aumentam a dívida e o povo paga por ela. A austeridade produz estagnação e a relação dívida/PIB não diminui no longo prazo. Melhor do que o banco central salvar bancos comprando títulos podres seria permitir falências e liquidações extrajudiciais, de forma organizada, impondo os sacrifícios da austeridade a banqueiros e especuladores. Quando isso acontecer – se isso um dia acontecer − poderemos então defender a austeridade macroeconômica com base em princípios morais.

*Petronio Portella Filho é Consultor Legislativo do Senado Federal (aposentado)

As opiniões emitidas e informações apresentadas são de exclusiva responsabilidade do/a autor/a e não refletem necessariamente a posição ou opinião da Alesfe

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A privatização encareceu o setor petrolífero: sem preços elevados da Petrobras, as refinarias privadas são inviáveis

*Por Fernando Veiga Barros e Silva

Quem conhece o setor, ao menos um pouco, sabe que o negócio do refino, para ser viável, depende do eficiente suprimento de matéria-prima. Basicamente, essa matéria-prima é o petróleo bruto. Ela pode ser adquirida, no Brasil, tendo por base a produção doméstica de petróleo, e também pode ser importada. Na verdade, sempre se combinam matérias-primas das duas origens. É que o refino exige uma mistura com qualidades físico-químicas especiais, numa composição impossível de ser atendida apenas com o produto nacional.

No Brasil, a Petrobras é o grande produtor de petróleo, seguida por uma miríade de outros agentes, muitos dos quais ligados a grupos internacionais. É o principal produtor porque, até meados da década de 90, vigia o monopólio do petróleo. Depois que acabou o monopólio, continuou a ser o maior produtor porque nunca houve interesse suficiente para concorrer, da parte das empresas que deveriam encarnar a competição setorial e investir na produção.

A despeito disso, a Petrobras sempre trabalhou com relativa eficiência. Ainda mais assim quando entraram, em cena, os poços do pré-sal. Esses poços passaram a oferecer escala de produção inédita, no Brasil, e implicaram importante redução dos custos operacionais. Por conta disso, o que já era bom ficou melhor.

Como empresa verticalizada, os benefícios da escala de produção de petróleo foram transferidos aos demais elos da cadeia de valor da companhia. Isso habilitou a Petrobras a concorrer não apenas com o produto importado, no plano doméstico, mas a fazê-lo, internacionalmente. O Brasil, com o pré-sal, inclusive saiu da posição de franco importador, para a de exportador desse tipo de commodity.

As refinarias da Petrobras passaram a contar com abastecimento de matéria-prima relativamente barata, quando comparada ao produto importado. Qualquer refinaria, para concorrer com a Petrobras, teria que contar com fornecimento de matéria-prima em condições semelhantes, notadamente quanto a preços, a fim de viabilizar as próprias operações.

Assim, a decisão política de privatizar refinarias da Petrobras pode ter sido uma aposta arriscada e um erro. E tudo leva a crer que tenha sido. É que a viabilidade do negócio dependeria de duas outras coisas: da privatização do restante da companhia, o que não ocorreu, e da subliminar “privatização” do “bolso” do consumidor doméstico, o que exigiria manter a paridade com os preços internacionais.

Como a privatização do restante da Petrobras não se completou, a companhia continuou a ser um concorrente feroz. Seguiu exercendo seu direito de estipular preços, com liberdade, e não substituiu essa liberdade por políticas estatutárias absurdas, como a paridade com os preços internacionais. Ganhou o consumidor, com preços mais moderados, e lucrou a economia, com a manutenção de um concorrente como a Petrobras.

O lema deve ser a concorrência, doa a quem doer.

*Fernando Veiga Barros e Silva é Consultor Legislativo do Senado Federal

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Consultoria Legislativa do Senado discute os impactos da IA no sistema de patentes

A edição 330 de Textos para Discussão, de autoria da Consultoria Legislativa do Senado Federal, teve como pauta principal os desafios impostos pela inteligência artificial (IA) para o sistema de patentes.

Destacando-se três impactos principais que o uso da IA pode ter no ecossistema: inventividade, critérios de novidade e não obviedade, e o aumento no número de invenções que “escondem” a IA como um dos autores.

Acesse o texto na íntegra: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td330-a

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Liliane Galvão detalha MP que altera Código Brasileiro de Aeronáutica

Em nota, a Consultora Legislativa do Senado Federal, Liliane Galvão de Moraes, detalhou a Medida Provisória (MPV) nº 1.240, que autoriza a utilização de tripulação estrangeira nos serviços aéreos prestados no país, alterando o Código Brasileiro de Aeronáutica vigente.

O objetivo da MPV, conforme argumenta o Governo, é o de ampliar a oferta especializado em operações de combate a incêndios florestais, cuja necessidade decorre dos recentes incêndios florestais no Pantanal, e da presunção de que acontecimentos semelhantes ocorram na Amazônia e Cerrado.

Acesse a íntegra da nota: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/sumarios-de-proposicoes/mpv1240

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