Por Petronio Portella Filho*
Internamente, sim. Muito pior. Trump vai governar para os poderosos, prejudicar os pobres e tratar aos pontapés os imigrantes latinos otários que votaram nele. Vai cortar gastos sociais para diminuir os impostos. Vai piorar a concentração de renda dos EUA (que já é padrão Terceiro Mundo). Vai tentar destruir a democracia americana, que, segundo o ranking da Economist, já é “Imperfeita” e está na posição 29.
Mas, externamente, Trump não seria tão pior. Ele seria talvez pior que Kamala Harris, mas provavelmente melhor do que o atual presidente. Joe Biden é um defensor fanático da hegemonia americana. Ele vive num mundo unipolar.
Biden apoia e financia o genocídio de Gaza, tentou expandir a OTAN até a Ucrânia, provocou, de forma imprudente, a China, se aliando a Taiwan e espalhando bases militares pelos países vizinhos. Para mim Biden é o Apocalipse Joe. Trump, em seu primeiro mandato, foi muito menos beligerante que Biden.
E que grande diferença Trump faria para o Brasil? Bem, eu tenho uma imagem dele diferente da dos fãs bolsonaristas.
Trump não dá a mínima para bajuladores, especialmente os latino-americanos. É inescrupuloso e autoritário, porém pragmático. Trump é um típico magnata dos negócios. Não levou Bolsonaro a sério nem quando era presidente. Ele vai salvar Jair Bolsonaro da cadeia? Nos sonhos dos bolsominions.
Joe Biden era tão melhor do que Trump aqui na América Latina? O Apocalipse Joe apoiou o golpe da extrema direita no Peru, manteve as sanções que asfixiam Cuba e Venezuela, tentou derrubar Maduro, tentou desestabilizar os governos esquerdistas do México, Colômbia e Nicarágua. Se Biden interferiu menos que Trump-1, a diferença é imperceptível.
Todos os extremistas trumpistas da América Latina foram apoiados sem ressalvas por Biden. O protoditador Milei foi recebido de braços abertos. Aqui no Brasil, a embaixada americana tomou o lado do trumpista Elon Musk quando ele anunciou que ia desrespeitar decisão do Supremo.
Biden foi contra o golpe de Bolsonaro sim, mas por vingança. O Mito o acusou de fraude eleitoral e demorou 29 dias para reconhecer sua vitória. O homem mais poderoso do mundo não podia perdoar tal insubordinação no seu backyard (quintal).
Os dois golpes de Estado que o Brasil sofreu durante minha vida tiveram a cumplicidade de presidentes americanos democratas, Lyndon Johnson em 1964 e Barack Obama em 2016.
*Petronio Portella Filho é Consultor Legislativo do Senado Federal (aposentado)
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