Bolsonaro não sabia de nada, Lula sabia de tudo

“Bolsonaro não sabia de nada. Não sabia das rachadinhas, das milícias, não sabia das joias, não sabia da carteira de vacinação falsa, não sabia da conspiração golpista… Já Lula sabia tudo o que acontecia nos escritórios da Petrobras feito por funcionários de carreira da estatal.” Juca Kfouri

No texto acima, Juca retrata bem o sistema de crença dos lava-jatistas. Eles seguem defendendo Bolsonaro porque acreditam que ele ignorava atos criminosos praticados por auxiliares próximos, bem como fatos amplamente divulgados pela imprensa.

E demonizam Lula porque o consideram, no que diz respeito ao crime, onisciente. Sabia de cada detalhe de cada falcatrua, apesar de não ser beneficiado. E sabia roubar sem deixar vestígios.

No meu livro, “Mentiras que contam sobre a Economia Brasileira” argumentei que a corrupção na Petrobras existiu sim, mas foi praticada por um cartel de empresas privadas em conluio com funcionários de carreira da empresa.

A Vara de Curitiba realizou amplo rastreamento bancário, telefônico, buscas e apreensões e prisões ilegais, mas não conseguiu provar que o PT era uma organização criminosa. Todas as multas e punições judiciais aplicadas no âmbito do Petrolão foram aplicadas às empresas privadas do cartel e a funcionários antigos da empresa.

Ah, mas o Lula estava sabendo de tudo!

Sabia como? O governo federal tinha na época 110 empresas estatais e um milhão de servidores e subordinados. Nenhum jornal havia denunciado o esquema. A única “prova” de que Lula comandara o Petrolão era um PowerPoint tosco que desmoralizava tanto o Ministério Público quanto a Microsoft.

Na contramão das próprias investigações, Moro transformou uma imperfeição do mercado, um caso clássico de cartel, em corrupção politica. E usou o episódio do “Petrolão” para demonizar não só o PT como a classe política em geral.

Deltan e cia espalharam ilegalmente trechos seletivos de delações premiadas posteriormente rejeitadas por não estar respaldadas em provas. Ajudaram a eleger um presidente “apolítico”, com notórios vínculos criminosos que, paradoxalmente, nomeou um PGR que destruiu a própria Lava Jato.

Segundo a Transparência Internacional, Bolsonaro maximizou o Índice de Percepção da Corrupção no Brasil em 2019. A Organized Crime and Corruption Reporting Project elegeu Bolsonaro o maior corrupto de 2020. Mesmo assim, Dallagnol e Moro, apoiaram a reeleição do presidente que enriqueceu com rachadinhas e que foi o algoz da Lava Jato.

Por quê?

Talvez porque o objetivo da Lava Jato, desde o início, tenha sido tirar o PT do poder, e não combater a corrupção.

Os lava-jatistas não são desinformados. São fanáticos. Eles acreditam no que lhes interessa acreditar.

Petronio Portella Filho

As opiniões emitidas e informações apresentadas são de exclusiva responsabilidade do/a autor/a e não refletem necessariamente a posição ou opinião da Alesfe

Leia mais

O fracasso da esquerda neoliberal no Chile, Itália e Brasil

No domingo, nas eleições para a assembleia constituinte chilena, a direita derrotou o governo esquerdista do jovem presidente Gabriel Boric. Os partidos de direita conseguiram dois terços das cadeiras do Conselho Constituinte, sendo que o partido Republicano, de extrema direita, foi mais votado (35,4%) do que o partido de Boric (28,6%).

Ao assumir o poder, em 2022, Boric entregou o Ministério da Fazenda a Mário Marcel, que era nada menos que o presidente do Banco Central do Chile. Boric se afastou das pautas econômicas desenvolvimentistas e abraçou o mercado financeiro. Tentou combinar neoliberalismo econômico com a pauta de costumes feminista e pró-minorias que os religiosos e a classe média rejeitam. Perdeu a frágil maioria que tinha. A extrema direita venceu as eleições de ontem com ampla maioria.

Algo muito parecido aconteceu na Itália, onde a esquerda também entregou o poder a um ex-presidente do Banco Central. Mario Draghi, que presidiu o Banco Central Europeu, foi elevado ao cargo de primeiro-ministro com o apoio da esquerda. Draghi fez o que se poderia esperar de um banqueiro: proporcionou um período de baixo crescimento, com estagnação do emprego. Os eleitores insatisfeitos se vingaram votando na extrema direita. Draghi foi sucedido por Geórgia Melone, uma fascista.

O mesmo roteiro pode estar sendo seguido no Brasil. Lula nomeou um ministério com representantes das minorias, restabeleceu relações diplomáticas com o mundo todo e nomeou um ministro da Justiça que defende o Estado Democrático de Direito. Lula conseguiu, em poucos meses, pôr um fim no genocídio indígena, devolver os militares aos quartéis e recolocar os pobres no orçamento da União. Há muito o que se elogiar no governo Lula.

Mas o Presidente da República cometeu o erro grave de nomear um ministro da Fazenda fraco que está se deixando tutelar por Campos Neto, um Presidente do Banco Central (ainda por cima bolsonarista). O Copom, sob o comando de Campos Neto, segue inflexível mantendo a maior taxa de juros básica do planeta.

Não satisfeito, Campos Neto tenta ditar a política fiscal do governo Lula. Ele é a favor do austericídio, inclusive já deu entrevista afirmando que “tem que colocar o país em recessão para recuperar a credibilidade”.

Lula tem um Ministro da Fazenda que dá excelentes entrevistas, mas que não luta por suas ideias como deveria. Fernando Haddad preside o Conselho Monetário Nacional (CMN) órgão encarregado de fixar as metas de inflação. O Banco Central, nos termos da lei que lhe concedeu a autonomia, só pode elevar juros se for para cumprir as metas de inflação fixadas pelo CMN (onde Lula tem maioria). Infelizmente Haddad abdicou do direito de alterar as metas de inflação para não contrariar Campos Neto. A lei tornou o Banco Central autônomo, Fernando Haddad o tornou independente.

Campos Neto passou a dar palpite também no Arcabouço Fiscal. Ele provavelmente induziu o governo Lula a incluir no limite dos gastos primários os repasses do governo federal aos bancos estatais. Isso é algo que nem os autores do teto de gastos fizeram. Haddad esbanja submissão enquanto Campos Neto não cede um milímetro.

Infelizmente a esquerda brasileira, a exemplo da chilena e da italiana, acredita que abrir mão de crescimento econômico em nome de uma improvável conciliação com o mercado financeiro é algo “moderno”. Pesquisa da Quaest divulgada em 5 de maio sobre a opinião dos executivos do mercado financeiro revelou que eles têm perfil ultraconservador. A esmagadora maioria apoia os juros escorchantes do BC e rejeita Lula.

Lula parece não se lembrar que a última presidente petista, Dilma Rousseff, pagou preço elevado por se render ao rentismo improdutivo da Faria Lima. Ela entregou, em 2015, o Ministério da Fazenda a Joaquim Levy, PhD de Chicago e funcionário do Bradesco. Dilma perdeu o apoio popular, sofreu impeachment e o vice assumiu, impondo ao Brasil uma política ultraliberal e austericida que, na prática, elegeu Bolsonaro.

Nos anos recentes, toda vez que a esquerda abraçou o neoliberalismo e sacrificou o crescimento econômico para “acalmar o mercado financeiro”, ela, na prática, estendeu o tapete vermelho para a chegada do fascismo.

Petronio Portella Filho

As opiniões emitidas e informações apresentadas são de exclusiva responsabilidade do/a autor/a e não refletem necessariamente a posição ou opinião da Alesfe

Leia mais

Por que Bolsonaro segue acima de suspeita?

Os três presentes árabes recebidos por Jair Bolsonaro somam 20 milhões de reais. O salário teto do funcionalismo, após os descontos, é de 300 mil por ano. Para amealhar 20 milhões, um presidente precisaria economizar o salário integral durante 66 anos.

Leio nos jornais que o governo de Jair Bolsonaro realizou 150 viagens oficiais para a Arábia Saudita, o país de origem dos presentes. Dá uma média de três viagens oficiais por mês. Não é um número excessivo? As viagens teriam alguma relação com os presentes?

Seria leviano tirar conclusões. Mas urge a realização de uma CPI. Os presentes árabes, por seu valor excessivo e pelo modo furtivo como entraram no Brasil, não levantam a suspeita de serem propinas?

Então por que a palavra propina não aparece nas manchetes nem nos editoriais sobre o caso das joias? Como é possível que Sergio Moro e Deltan Dallagnol, que defendem condenações por convicção (sem provas) — sigam defendendo alguém como Jair Bolsonaro?

Acho que já vi esse filme. E temo que o escândalo caia no esquecimento sem que a palavra corrupção seja associada ao ex-presidente.

Em 30/08/22, reportagem do portal UOL revelou que 107 imóveis foram adquiridos pelo clã Bolsonaro, sendo 51 em dinheiro vivo e 26 com a forma de aquisição indeterminada. A principal autora denunciou as compras de imóveis como lavagem de dinheiro das rachadinhas. Em valores de hoje, as compras totalizaram 45,5 milhões, sendo 26,5 milhões em dinheiro vivo.

Escrevi texto sobre as dificuldades envolvidas na compra de imóveis em dinheiro vivo. O legislador pressupõe que tais transações sejam lavagens de dinheiro ilícito. A partir de 50 mil reais, o cliente tem que provar que não é laranja. Tem que preencher os dados seus e os do destinatário do saque, comprovando a origem lícita e a destinação lícita do dinheiro. E as informações são automaticamente encaminhadas para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Se o laranja quiser sacar 7 milhões sem alertar o Coaf, precisaria realizar 143 viagens ao banco para realizar saques de 49 mil. Mas saques de tal valor teriam que ser comunicados com antecedência de um a três dias úteis. Se o laranja realizar um saque por semana, precisaria de quase três anos para sacar 7 milhões. Por que uma família de políticos honrados se daria ao trabalho hercúleo de realizar 51 (ou talvez 77) compras de imóveis em dinheiro vivo?

Quando estourou o escândalo da Imobiliária Bolsonaro, achei que o então presidente estava acabado. O escândalo explodiu um mês antes das eleições. Mesmo assim a grande imprensa tirou o assunto de pauta. E, durante a eleição presidencial, quem era acusado de corrupção por jornalistas era quase sempre o Lula. No último debate, Bolsonaro se vangloriou de ter acabado com a corrução sem ser contestado por William Boner, Renata Vasconcelos e Lula — três apáticos.

No meu livro, mostrei que várias instituições de perfil liberal, como Transparência Internacional, Organized Crime and Corruption Reporting Project e Banco Mundial, constataram aumento da corrupção durante a gestão Bolsonaro. As duas primeiras instituições foram eloquentes em denunciar o desmonte da estrutura legal de combate à corrupção e as três demissões da direção da Polícia Federal. Nenhum jornal jamais destacou tal informação.

O Brasil é um país onde a grande imprensa age como se não acreditasse na possibilidade de um presidente de direita ser corrupto. Desde que ele pratique política econômica servil ao Mercado, especialmente ao sistema financeiro, ele será sempre inocente aos olhos da mídia.

Petronio Portella Filho

As opiniões emitidas e informações apresentadas são de exclusiva responsabilidade do/a autor/a e não refletem necessariamente a posição ou opinião da Alesfe

Leia mais

Onda de falências pode se espalhar

A falência fraudulenta das Lojas Americanas induziu o sistema financeiro privado a retrair a oferta de crédito, algo perigoso para uma economia que já sofre com a recessão e com a alta inadimplência.
Estamos caminhando para uma crise creditícia clássica, não uma crise keynesiana de falta de demanda, mas a crise descrita por Minsky, fruto da retração brusca e cíclica do crédito. A única diferença em relação às crises minskianas clássicas é que esta está sendo agravada pelo Banco Central.

O Banco Central precisa mudar a política com urgência e atuar de maneira anticíclica, reduzindo rapidamente a taxa de juros e injetando dinheiro na economia. Mudanças na taxa básica de juros demoram 9 meses para fazer efeito.

Infelizmente a grande imprensa continua fechada com o austericídio e com os juros estratosféricos. O editorial recente do Estadão diagnostica aumento na inadimplência e pressiona por maior aperto fiscal, algo que só agravaria o quadro recessivo. Os outros jornais seguem a mesma linha. Se o aperto creditício provocar onda de falências e aprofundar a recessão, os jornais já têm o bode expiatório. Aliás, minto. Eles têm o sapo (barbudo) expiatório.

Não se iludam. Se o BC bolsonarista afundar a economia, sua participação no evento será ignorada. Já vi esse filme. A participação da Lava a Jato na crise de 2015 foi denunciada por várias empresas de consultoria empresarial. A Lava a Jato paralisou três setores da economia: construção civil, construção naval e petróleo. Não há país do mundo que enfrente tal paralisação sem afundar na recessão. Mas a presepada não ganhou as primeiras páginas nem os editoriais dos grandes jornais. Toda a culpa foi atribuída a Dilma Rousseff.

O FMI recomenda que, em situações de crise, o governo federal primeiro combata a recessão (expandindo os gastos fiscais e reduzindo a taxa de juros) e só depois tente equilibrar o orçamento. Os jornais e o Banco Central fazem pressão no sentido contrário: exigem que o governo federal anuncie corte os gastos.

Neste momento o setor privado precisa de Déficit Primário, não de Superávit Primário. Pois a economia brasileira está à beira de uma recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de crescimento negativo do Produto Interno Bruto. O PIB diminuiu 0,2% no quarto trimestre de 2022 e deve apresentar queda no primeiro trimestre de 2023.

No mundo inteiro, especialmente no Primeiro Mundo, crises minskianas são combatidas com redução brusca da taxa básica de juros. Mas infelizmente Bolsonaro nos legou um Banco Central povoado por fanáticos ideológicos que estão impondo uma taxa de juros básica real que não só é a maior do mundo como é o dobro da vice-campeã. Uma inflação de custos herdada do exterior está sendo combatida com juros escorchantes.

Como explicar a situação para os leigos? Não é tão difícil. Tentem se imaginar um empresário endividado e com a demanda por seu produto em queda. Se os juros básicos da economia aumentarem de 2% para 13,75%, seu risco de inadimplência vai aumentar ou diminuir?

Já passou da hora de Lula usar a bancada governista no Senado para desbolsonarizar o Banco Central. Não se iludam. Campos Neto é bolsonarista fanático, aliás, não existe bolsonarista moderado. Ele está para os agiotas do sistema financeiro como Ricardo Salles estava para os contrabandistas de madeira da Amazônia.

Lula precisa primeiro enquadrar Haddad e Tebet, pois ambos estão assustados pela gritaria da imprensa em defesa da Faria Lima. Depois a bancada governista teria que negociar o voto de 41 senadores. Uma maioria simples seria suficiente para demitir a equipe de Campos Neto. Conseguidos os votos, Lula convocaria rede nacional para denunciar os juros sufocantes e comunicar a necessidade de desbolsonarizar o Banco Central.

Pesquisa da Quaest mostrou que 76% dos entrevistados deram razão a Lula na contenda com Campos Neto sobre os juros. Influentes operadores do mercado financeiro e lideranças empresariais também. A hora de agir é agora, enquanto o presidente ainda é popular. Quando a crise já estiver instalada, a luta de Lula será outra. Ele terá que lutar contra o impeachment, pois toda a culpa da recessão terá sido atribuída a ele.

Petronio Portella Filho

As opiniões emitidas e informações apresentadas são de exclusiva responsabilidade do/a autor/a e não refletem necessariamente a posição ou opinião da Alesfe

Leia mais

Terras do sem fim, 80 anos depois, no sul maravilha

Em fevereiro, trabalhadores baianos contratados por três vinícolas de Bento Gonçalves (RS) foram libertados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Eles estavam vivendo em situação análoga à escravidão. Episódio similar foi retratado em Terras do Sem Fim, romance de Jorge Amado.

No livro, os opressores eram latifundiários baianos (que lutavam entre si) e a história se passava na lavoura cacaueira de Ilhéus. Mas o método de exploração usado na Bento Gonçalves de 2023 era o mesmo retratado no romance de 1943. Nos dois casos, os agricultores trabalhavam em ritmo desumano, pagavam caro por comida, e, em vez de receber salários, acumulavam dívidas que os escravizavam.

As vinícolas infratoras são de propriedade de bolsonaristas. Michelle Bolsonaro teve ou tem vínculo com uma delas. Por que não estou surpreso? Porque Jair Bolsonaro nunca fez segredo do seu apoio a empresários prepotentes que se julgam acima das leis. Os escravagistas gaúchos não são tão diferentes dos mineradores que invadiram terras indígenas e provocaram o genocídio ianomâni.

Bolsonaro defendeu várias vezes empresários autuados por escravizar trabalhadores. E criticou as equipes de fiscalização do MPT que libertaram os escravos. Michel Temer não ficou muito atrás. Paralelamente, o ministro Paulo Guedes tentou desmontar a fiscalização dos direitos trabalhistas que sobreviveram à maré ultraliberal do pós-Impeachment.

Li Terras do Sem Fim quando era adolescente. É um grande livro. Mas devo confessar que discordei da caricatura que o escritor baiano fez dos coronéis. No Piauí da minha infância, coexistiam bons proprietários rurais e tipos autoritários e prepotentes. O jovem que fui duvidou da existência de latifundiários cruéis a ponto de escravizar agricultores.

Terras do sem Fim está entre os livros de Jorge Amado que mais me impressionaram. Ao recordá-lo, me entristeço de ver que o problema social denunciado 80 anos atrás ainda persiste no Brasil de hoje, ainda por cima em uma região de alta renda per capita.

A Região Sul, uma das mais desenvolvidas do Brasil, está se tornando, salvo honrosas exceções, um enclave de intolerância, racismo e fascismo. Nos últimos anos, os três Estados sulistas me decepcionaram profundamente.

O Paraná pariu os fascistas da Lava Jato, que elegeram Bolsonaro em 2018 e tentaram reelegê-lo em 2022. Santa Catarina foi palco de várias manifestações nazistas, e a maior reação que elas suscitaram dos políticos locais foi a cassação da deputada que as denunciou. Por último, o caso recente das três vinícolas gaúchas, Aurora, Salton e Garibaldi, que foram pegas usando mão de obra escrava em pleno século XXI.

O escândalo das vinícolas ganhou maior repercussão porque as empresas indiciadas receberam apoio de parte da comunidade.

Sandro Fantinel. vereador de Caxias do Sul, e o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC) defenderam os escravistas e atribuíram a culpa pelo incidente, respectivamente, à indolência dos baianos e à vagabundagem incentivada pelo programa Bolsa Família.

Às vezes os vilões do mundo real conseguem ser mais abjetos do que os da ficção.

O Brasil tão cedo não vai superar suas raízes escravistas. Os primeiros escravos africanos aqui chegaram em 1530, e a Lei Áurea só foi assinada em 1888. Nossa história está maculada por três séculos e meio de escravidão. E tudo indica que o flagelo persiste nos dias de hoje. Entre os trabalhadores brasileiros resgatados da escravidão nos anos recentes, 83% se autodeclararam negros.

Petronio Portella Filho

As opiniões emitidas e informações apresentadas são de exclusiva responsabilidade do/a autor/a e não refletem necessariamente a posição ou opinião da Alesfe

Leia mais